05 de março de 2013
Por Tom Alves
Nos últimos tempos, muita gente vinha me perguntando sobre workshops e expedições fotográficas. Acho que a fotografia tem mesmo um grande poder de inspirar e contagiar as pessoas. E no caso do registro de paisagens e viagens, de aumentar o desejo nos expectadores, por descobrir com os próprios olhos – e lentes – tais lugares. De promover o anseio por experimentar, sentir na pele os aromas e sabores, perceber as cores e contrastes, ou simplesmente estar presente ali naqueles cenários. E como fotógrafo, um de meus mais autênticos objetivos é de fato poder levar às pessoas um pouco inspiração e desejo de explorar este mundo que nos rodeia.
Assim, resolvi também entrar nesta empreitada. Algo que tenho descoberto ser muito prazeroso. Um misto de professor e guia de turismo. Afinal de contas, nada melhor que aprimorar fotografia viajando, certo? As expedições fotográficas são ótimas oportunidades para dividir conhecimentos de vida e de fotografia, além de poder apresentar às pessoas minha maneira particular de viajar e interagir com os elementos à nossa volta.
Então, se a ideia é contagiar, levar pessoas para conhecerem lugares e pessoas que me inspiram, dividir um pouco deste universo que eu tanto valorizo, começar por Minas Gerais, minha terra natal, seria a opção mais lógica. E uma região do estado, especificamente, caiu-me como uma luva, para estrear as Expedições Fotográficas.
Capivari é uma encantadora e bucólica vila com menos de 200 habitantes, situada a aproximadamente 260 km de Belo Horizonte. Pertence ao município do Serro, na região do Alto Jequitinhonha. Faz parte da Estrada Real, no Caminho dos Diamantes. O vilarejo, aos pés do majestoso Pico do Itambé, um dos pontos mais altos da Serra do Espinhaço, guarda ainda quase intactos muitos tesouros naturais de Minas Gerais: inúmeras cachoeiras, trilhas em cerrado e campos rupestres, rica fauna e flora típica de regiões de altitude, como campos de Sempre-Vivas, bromélias e orquídeas, além do Parque Estadual do Pico do Itambé. É também lar de povo incrivelmente hospitaleiro, cativante, simples e sincero.
Deste modo, no feriado de carnaval de 2013, saímos da capital mineira com destino a Capivari. Durante os 4 dias de expedição, percorremos a belíssima região e conhecemos diversos de seus moradores, um dos pontos altos desta viagem, com certeza. Capivari pratica um tipo de turismo ainda muito pouco explorado, porém bastante enriquecedor, chamado Turismo de Vilarejo. Esta é uma vertente do chamado Turismo de Bases Comunitárias-TBC.
“Por definição, um projeto de TBC procura a pulverização dos benefícios da atividade turística para todos os envolvidos, gerando sustentabilidade e divisão mais justa e igualitária da renda provinda. Além disso, busca agregar valor ao aproximar o turista de uma vivência mais autêntica, cultural e enriquecedora nos destinos visitados. Nele, a chave é a sabedoria popular, transmitida de forma oral, tal qual ela foi aprendida. Todos são protagonistas, turistas e membros das comunidades. Portanto, a troca de experiências é muito valorizada”.
E aí, devo confessar que até eu mesmo fiquei surpreso com a identificação daquele grupo de fotógrafos com a comunidade, e vice-versa. Eu imaginava, antes da viagem, que a timidez de muitas pessoas da vila poderia ser uma barreira inicial, especialmente para as fotografias. Mas já no segundo dia, a interação era total. Crianças, jovens e adultos. Visitantes e visitados, tal qual uma grande família. Como resultado, é claro, foram registradas fotos muito bonitas e expressivas, por todos. Sorrisos sinceros, olhares amigos e aquela receptividade que é peculiar às Minas Gerais.
Fazia parte dos propósitos da expedição, uma iniciativa social: cada um dos participantes fez a doação de um kit de material escolar para distribuirmos entre as crianças de Capivari. Foi bastante especial ver a gratidão e felicidade da criançada e da professora Eni, ao receberem de nossas mãos aqueles pacotes. Mas inesquecível mesmo foi justamente o presente que ganhamos daquele povo tão cativante. Uma apresentação especial do grupo de teatro infantil de Capivari. Momentos de pura magia foram aqueles.
Difícil mesmo foi deixar a vila, na tarde de terça-feira de carnaval. Para muitos do grupo, impossível reter as lágrimas. Capivari cativa a todos os visitantes, com sua forma simples, ingênua e pura de ser. Com certeza será agenda recorrente em nossas expedições. Até a próxima, pessoal!