Fotografia de Paisagens e o “Santo Filtro Polarizador Circular”
22 de março de 2020
Olá amigos fotógrafos! No post anterior, onde eu falava sobre como tirar melhor proveito da luz natural, citei que alguns filtros podem ajudar bastante a ressaltar a beleza de uma paisagem. Um deles é o Filtro Polarizador Circular, também chamado de PLC ou CPL, sua sigla em inglês. Este é o tema desta postagem.
Pois bem, este é um filtro que praticamente não sai da minha lente, quando fotografo paisagens. Eu diria que o polarizador é quase um filtro milagroso, qual sua eficiência na remoção de reflexos indesejados, incremento na saturação das cores e melhorando contrastes, sobretudo no azul e verde. Portanto, para a fotografia de paisagens, seu uso é quase uma regra!
Definição
Vamos à teoria: o PLC é um filtro de vidro enroscado à frente da objetiva que permite ser girado em 360 graus. É composto por dois anéis, sendo que o anel externo desliza sobre o interno.
Para cada ângulo que você girar a parte móvel, os resultados serão diferentes, pois as ondas eletromagnéticas (lembre-se da aulinha de física em que aprendemos que a luz é uma onda deste tipo? ) vão sendo filtradas e polarizadas, resultando no bloqueio dos reflexos nas superfícies não metálicas.
Comparativo de imagens de um lago e árvores ao fundo fotografados com filtro polarizador em diferentes ângulos (Foto Olivia Speranza)
Seu custo varia bastante, pois há uma enorme variedade de modelos e qualidades. Alguns podem ser facilmente encontrados em lojas de fotografia aqui no Brasil. Mas os de melhor performance geralmente precisam ser importados, esta é a parte ruim. Vale a pena procurar pelos fabricantes mais consagrados, como Breakthrough, B+W, Singh-Ray, Lee, Hoya ou Nisi, pois os mais baratos podem – e vão – apresentar perda de nitidez e alterações de cores.
Observe antes de comprar qual o diâmetro da rosca da lente em que você pretende usar o filtro polarizador circular, pois os eles são construídos nominalmente aos diâmetros das objetivas em que serão enroscados.
Se você deseja utilizar este filtro em lentes de diferentes diâmetros de rosca, a dica é a seguinte: compre o filtro para a de maior diâmetro. E para as demais, use os chamados step-up rings, que são anéis adaptadores, onde você poderá utilizar um filtro maior numa lente de menor circunferência. Exemplo: eu tenho filtros rosqueáveis de 82mm, que é o diâmetro de minhas principais lentes de paisagem (24-70 e 16-35mm). Para minhas lentes 77 e 72mm, utilizo anéis adaptadores, que possuem um custo muitas vezes menor.
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Filtros Breakthrough Photography
Como já dito, a gama de fabricantes dos filtros polarizadores circulares é muito grande. Além dos mencionados acima, há cada vez mais empresas chinesas desenvolvendo filtros para fotografia, o que torna o mercado mais competitivo, porém, fica mais difícil fazer a escolha, pois o leque de opções só aumenta.
Há cerca de 2 anos, venho utilizando os filtros da linha X4 (tanto PLC quanto ND e ND grad) da empresa americana Breakthrough Photography, que me chamou bastante atenção pelos excelentes reviews de grande sites internacionais de fotografia, como Dpreview, Adorama e Fstoppers. No site do fabricante, você pode encontrar bastante conteúdo técnico, vale a pena dar uma passada lá. Mas como o site é em inglês e são muitas informações, vou resumir aqui os principais pontos que fazem estes filtros tão especiais, segundo o fabricante:
Design: os filtros possuem uma armação com detalhes em alto relevo, o que facilita bastante no seu manuseio e giro, com claros benefícios de aderência, principalmente quando o fotógrafo estiver usando luvas.
Detalhe da armação em alto relevo
Durabilidade: o fabricante garante clareza ótica e neutralidade de cores por 25 anos, mesmo nas mais adversas condições, como uso em ventos extremos, chuva, contato com água salgada, poeira e outras condições abrasivas.
Desempenho de cores: a empresa garante que possui os filtros mais neutros em cores do mundo, dada a sua excelência na escolha de matérias primas e rigidez do processo de fabricação. Todos os filtros PLC (em inglês CPL) disponíveis no mercado exibem um tom amarelo devido a um aumento gradual da transmissão, começando em torno de 600nm e depois disparando 650nm em diante para o IR. Com o X4 CPL, há uma redução gradual da transmissão a partir de 600nm e, em vez de disparar incontrolavelmente perto de 650nm e no infravermelho, o filtro tem a transmissão muito controlada para o infravermelho, sem o pico da curva. O resultado se traduz em imagens quentes e vivas, sem a invasão de cor.
Qualidade ótica invejável: O CPL X4 possui vidro óptico SCHOTT Superwhite B270®, que é um vidro ultra claro, produzido pela fusão de matérias-primas de alta pureza e, em seguida, é feito usando o processo de extração contínua. O resultado é uma excelente transmissão nos espectros ultravioleta, visível e infravermelho e uma alta qualidade de superfície que aceita excepcionalmente bem os revestimentos óticos MRC (revestimento multi resistente) e nanotec®, que são aplicados a ambas superfícies do disco de vidro para reduzir a reflexão e aumentar a durabilidade da superfície. Este revestimento proprietário é estruturalmente mais duro que o próprio vidro e as reflexões reduzidas melhoram a eficiência, pois menos luz é perdida. A redução das reflexões também melhora o contraste da imagem pela eliminação da luz difusa. Baixa transmissão de luz e invasão de verde são problemas comuns com vidro não revestido. À medida que os revestimentos MRC são adicionados a cada lado do disco óptico, a transmissão de luz aumenta constantemente com a invasão cada vez menor. Em testes de laboratório, a transmissão de luz atinge o ápice em cerca de 16 camadas de MRC. Nos filtros da série X4, 8 camadas de MRC são aplicadas uniformemente nos dois lados de cada disco ótico, resultando em MRC16.
Além disso, a qualidade do acabamento das caixas, cases e acessórios da marca é impressionante. A empresa tem um cuidado incrível com o cliente. Cada filtro comprado acompanha uma carta assinada pelo Graham Clark, nada menos que o dono da empresa, onde ele deixa seu email e telefone, dizendo assim: “Eu pessoalmente garanto tudo que nós fazemos. Contacte-me se você precisar de qualquer coisa”. Nos tempos atuais, é no mínimo, incrível!
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Efeitos únicos, impossíveis de se obter na prós produção
Utilizo o filtro polarizador circular com frequência para a remoção de reflexos em superfícies não metálicas, como vidro e água, de modo a revelar o fundo de um rio de águas límpidas, por exemplo. Também para potencializar o azul de um céu e o verde de uma mata, pois ao retirar os reflexos, o resultado é um impressionante ganho de vida nas cores destes temas. Outra vantagem é na fotografia de arco-íris. O filtro polarizador circular irá intensificar seu efeito.
Uma coisa muito importante a ser dita é: os efeitos alcançáveis com um filtro PLC não podem ser obtidos com manipulação de imagens em softwares como Lightroom ou Photoshop. Isso porque os reflexos ocultam partes da imagem e não é possível manipular algo que o sensor da câmera não tenha captado.
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Mas nem Tudo São Flores …
Como em tudo nessa vida, há também o lado negativo. Existem algumas limitações:
Sua eficiência não é muito boa em determinados ângulos de incidência da luz. A melhor polarização ocorre quando o sol está próximo de 90° em relação à lente. Ou seja, fotografar contra o sol ou mesmo com ele nas suas costas, fará com que a polarização seja mínima.
Em dias muito nublados, o aumento da saturação pode deixar as fotografias bastante escuras, com sombras ainda mais marcadas.
Há uma perda de luz quando instalado, em média 2 f-stops. Mas isto pode até ser positivo, em alguns casos, como fotografando uma cachoeira, em que é adequado reduzir a luz ambiente. O uso de um tripé ou aumento do ISO pode compensar esta perda de luz.
Há outro problema associado a seu uso, que no meu ponto de vista é realmente um ponto bem negativo e compromete algumas fotos. Quando utilizado em lentes grande angulares (quanto mais GA, pior), tende a não conseguir polarizar toda a cena enquadrada e deixar tonalidades diferentes, como manchas na imagem. Isto acontece especialmente nos casos de céu azul, onde a cor do céu irá variar de branco a azul, ocasionando um degradê indesejável. Uma forma de atenuar tal problema é aumentar mais a distância focal. Ou seja, aplicando mais zoom à lente.
Por fim, um a atenção especial em relação à limpeza e ausência riscos na superfície do filtro polarizador circular deve ser sempre dada. Todo filtro inserido à frente da objetiva pode aumentar o efeito de flare, principalmente quando a lente é apontada contra o sol ou outra fonte de luz pontual. O problema se agrava muito quando o filtro está sujo ou riscado.
Portanto, se fotografar contra o sol, avalie a remoção do filtro, seja ele um polarizador circular, UV ou mesmo ND.
Efeito colateral em grande angular – manchas na imagem devido a polarização irregular.
Bem, apesar de algumas contra indicações, o filtro polarizador circular é um grande parceiro dos fotógrafos de paisagens, possibilitando aplicação de efeitos realmente interessantes. Fica a dica. Comprem já um polarizador circular e mãos à obra!
Fotógrafo de paisagens e viagens. Sócio da Travessia Expedições Fotográficas, onde lidera roteiros exclusivos, compartilhando conhecimentos e experiências, pelo 4 cantos do mundo.