Olá amigos fotógrafos! No post anterior, onde eu falava sobre como tirar melhor proveito da luz natural, citei que alguns filtros podem ajudar bastante a ressaltar a beleza de uma paisagem. Um deles é o Filtro Polarizador Circular, também chamado de PLC ou CPL, sua sigla em inglês. Este é o tema desta postagem.
Pois bem, este é um filtro que praticamente não sai da minha lente, quando fotografo paisagens. Eu diria que o polarizador é quase um filtro milagroso, qual sua eficiência na remoção de reflexos indesejados, incremento na saturação das cores e melhorando contrastes, sobretudo no azul e verde. Portanto, para a fotografia de paisagens, seu uso é quase uma regra!
Definição
Vamos à teoria: o PLC é um filtro de vidro enroscado à frente da objetiva que permite ser girado em 360 graus. É composto por dois anéis, sendo que o anel externo desliza sobre o interno.
Para cada ângulo que você girar a parte móvel, os resultados serão diferentes, pois as ondas eletromagnéticas (lembre-se da aulinha de física em que aprendemos que a luz é uma onda deste tipo? ) vão sendo filtradas e polarizadas, resultando no bloqueio dos reflexos nas superfícies não metálicas.
Comparativo de imagens de um lago e árvores ao fundo fotografados com filtro polarizador em diferentes ângulos (Foto Olivia Speranza)
Seu custo varia bastante, pois há uma enorme variedade de modelos e qualidades. Alguns podem ser facilmente encontrados em lojas de fotografia aqui no Brasil. Mas os de melhor performance geralmente precisam ser importados, esta é a parte ruim. Vale a pena procurar pelos fabricantes mais consagrados, como Breakthrough, B+W, Singh-Ray, Lee, Hoya ou Nisi, pois os mais baratos podem – e vão – apresentar perda de nitidez e alterações de cores.
Observe antes de comprar qual o diâmetro da rosca da lente em que você pretende usar o filtro polarizador circular, pois os eles são construídos nominalmente aos diâmetros das objetivas em que serão enroscados.
Se você deseja utilizar este filtro em lentes de diferentes diâmetros de rosca, a dica é a seguinte: compre o filtro para a de maior diâmetro. E para as demais, use os chamados step-up rings, que são anéis adaptadores, onde você poderá utilizar um filtro maior numa lente de menor circunferência. Exemplo: eu tenho filtros rosqueáveis de 82mm, que é o diâmetro de minhas principais lentes de paisagem (24-70 e 16-35mm). Para minhas lentes 77 e 72mm, utilizo anéis adaptadores, que possuem um custo muitas vezes menor.
Sem o uso do filtro seria impossível visualizar com clareza as rochas submersas.
Aqui também o filtro tornou possível ver por baixo da linha d`água.
Sem PLC
Mesma cena, com o filtro PLC.
Filtros Breakthrough Photography
Como já dito, a gama de fabricantes dos filtros polarizadores circulares é muito grande. Além dos mencionados acima, há cada vez mais empresas chinesas desenvolvendo filtros para fotografia, o que torna o mercado mais competitivo, porém, fica mais difícil fazer a escolha, pois o leque de opções só aumenta.
Há cerca de 2 anos, venho utilizando os filtros da linha X4 (tanto PLC quanto ND e ND grad) da empresa americana Breakthrough Photography, que me chamou bastante atenção pelos excelentes reviews de grande sites internacionais de fotografia, como Dpreview, Adorama e Fstoppers. No site do fabricante, você pode encontrar bastante conteúdo técnico, vale a pena dar uma passada lá. Mas como o site é em inglês e são muitas informações, vou resumir aqui os principais pontos que fazem estes filtros tão especiais, segundo o fabricante:
Design: os filtros possuem uma armação com detalhes em alto relevo, o que facilita bastante no seu manuseio e giro, com claros benefícios de aderência, principalmente quando o fotógrafo estiver usando luvas.
Detalhe da armação em alto relevo
Durabilidade: o fabricante garante clareza ótica e neutralidade de cores por 25 anos, mesmo nas mais adversas condições, como uso em ventos extremos, chuva, contato com água salgada, poeira e outras condições abrasivas.
Desempenho de cores: a empresa garante que possui os filtros mais neutros em cores do mundo, dada a sua excelência na escolha de matérias primas e rigidez do processo de fabricação. Todos os filtros PLC (em inglês CPL) disponíveis no mercado exibem um tom amarelo devido a um aumento gradual da transmissão, começando em torno de 600nm e depois disparando 650nm em diante para o IR. Com o X4 CPL, há uma redução gradual da transmissão a partir de 600nm e, em vez de disparar incontrolavelmente perto de 650nm e no infravermelho, o filtro tem a transmissão muito controlada para o infravermelho, sem o pico da curva. O resultado se traduz em imagens quentes e vivas, sem a invasão de cor.
Qualidade ótica invejável: O CPL X4 possui vidro óptico SCHOTT Superwhite B270®, que é um vidro ultra claro, produzido pela fusão de matérias-primas de alta pureza e, em seguida, é feito usando o processo de extração contínua. O resultado é uma excelente transmissão nos espectros ultravioleta, visível e infravermelho e uma alta qualidade de superfície que aceita excepcionalmente bem os revestimentos óticos MRC (revestimento multi resistente) e nanotec®, que são aplicados a ambas superfícies do disco de vidro para reduzir a reflexão e aumentar a durabilidade da superfície. Este revestimento proprietário é estruturalmente mais duro que o próprio vidro e as reflexões reduzidas melhoram a eficiência, pois menos luz é perdida. A redução das reflexões também melhora o contraste da imagem pela eliminação da luz difusa. Baixa transmissão de luz e invasão de verde são problemas comuns com vidro não revestido. À medida que os revestimentos MRC são adicionados a cada lado do disco óptico, a transmissão de luz aumenta constantemente com a invasão cada vez menor. Em testes de laboratório, a transmissão de luz atinge o ápice em cerca de 16 camadas de MRC. Nos filtros da série X4, 8 camadas de MRC são aplicadas uniformemente nos dois lados de cada disco ótico, resultando em MRC16.
Além disso, a qualidade do acabamento das caixas, cases e acessórios da marca é impressionante. A empresa tem um cuidado incrível com o cliente. Cada filtro comprado acompanha uma carta assinada pelo Graham Clark, nada menos que o dono da empresa, onde ele deixa seu email e telefone, dizendo assim: “Eu pessoalmente garanto tudo que nós fazemos. Contacte-me se você precisar de qualquer coisa”. Nos tempos atuais, é no mínimo, incrível!
Efeitos únicos, impossíveis de se obter na prós produção
Utilizo o filtro polarizador circular com frequência para a remoção de reflexos em superfícies não metálicas, como vidro e água, de modo a revelar o fundo de um rio de águas límpidas, por exemplo. Também para potencializar o azul de um céu e o verde de uma mata, pois ao retirar os reflexos, o resultado é um impressionante ganho de vida nas cores destes temas. Outra vantagem é na fotografia de arco-íris. O filtro polarizador circular irá intensificar seu efeito.
Uma coisa muito importante a ser dita é: os efeitos alcançáveis com um filtro PLC não podem ser obtidos com manipulação de imagens em softwares como Lightroom ou Photoshop. Isso porque os reflexos ocultam partes da imagem e não é possível manipular algo que o sensor da câmera não tenha captado.
Sem polarizador
Polarizando
Note o reflexo da montanha no lago
Supressão dos reflexos
Fotografia Com filtro PLC - note a supressão dos reflexos e ganho estético na imagem.
Fotografia Sem filtro PLC - perceba os reflexos na água, pedras e mata.
Com PLC - Repare nos contrastes e cores
Sem filtro PLC
Mas nem Tudo São Flores …
Como em tudo nessa vida, há também o lado negativo. Existem algumas limitações:
Sua eficiência não é muito boa em determinados ângulos de incidência da luz. A melhor polarização ocorre quando o sol está próximo de 90° em relação à lente. Ou seja, fotografar contra o sol ou mesmo com ele nas suas costas, fará com que a polarização seja mínima.
Em dias muito nublados, o aumento da saturação pode deixar as fotografias bastante escuras, com sombras ainda mais marcadas.
Há uma perda de luz quando instalado, em média 2 f-stops. Mas isto pode até ser positivo, em alguns casos, como fotografando uma cachoeira, em que é adequado reduzir a luz ambiente. O uso de um tripé ou aumento do ISO pode compensar esta perda de luz.
Há outro problema associado a seu uso, que no meu ponto de vista é realmente um ponto bem negativo e compromete algumas fotos. Quando utilizado em lentes grande angulares (quanto mais GA, pior), tende a não conseguir polarizar toda a cena enquadrada e deixar tonalidades diferentes, como manchas na imagem. Isto acontece especialmente nos casos de céu azul, onde a cor do céu irá variar de branco a azul, ocasionando um degradê indesejável. Uma forma de atenuar tal problema é aumentar mais a distância focal. Ou seja, aplicando mais zoom à lente.
Por fim, um a atenção especial em relação à limpeza e ausência riscos na superfície do filtro polarizador circular deve ser sempre dada. Todo filtro inserido à frente da objetiva pode aumentar o efeito de flare, principalmente quando a lente é apontada contra o sol ou outra fonte de luz pontual. O problema se agrava muito quando o filtro está sujo ou riscado.
Portanto, se fotografar contra o sol, avalie a remoção do filtro, seja ele um polarizador circular, UV ou mesmo ND.
Efeito colateral em grande angular – manchas na imagem devido a polarização irregular.
Bem, apesar de algumas contra indicações, o filtro polarizador circular é um grande parceiro dos fotógrafos de paisagens, possibilitando aplicação de efeitos realmente interessantes. Fica a dica. Comprem já um polarizador circular e mãos à obra!
Fotógrafo de paisagens e viagens. Sócio da Travessia Expedições Fotográficas, onde lidera roteiros exclusivos, compartilhando conhecimentos e experiências, pelo 4 cantos do mundo.