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Está aberta a temporada 2021 de caça à Via Láctea!

28 de abril de 2021

Se você é daqueles que como eu fica aguardando com ansiedade a temporada ideal para fotografar o céu estrelado, uma notícia boa: já estamos nela! Nos próximos meses, a majestosa Via Láctea estará por muitas horas no céu noturno. Agora é planejar com bastante atenção para não se frustrar e contar com uma dose de sorte para o céu estar limpo de nuvens e arrasar nas fotos!

Neste post, vou explicar como determinar condições ideais para fotografias da Via Láctea, para que você fique a par das principais informações que você precisa saber para se programar para uma investida bem-sucedida em suas próximas caçadas à via láctea!

1 – Comportamento da Via Láctea

Frequentemente, as pessoas me fazem as seguintes perguntas:

-Tom, quando devo começar a procurar a Via Láctea?

– A partir de que horas ela ficará visível?

Qual a melhor época do ano para fotografá-la?

Vamos lá: muitos não sabem, mas na verdade, a Via Láctea é visível o ano inteiro, todas as noites! Isso, claro, se você não estiver no meio de uma cidade cheia de luzes.

Mas porque então dizemos que há uma “temporada” para fotografá-la?

Isso se deve ao fato de que o seu núcleo, a parte mais luminosa, bonita e espetacular da Via Láctea, ou seja, a parte que você realmente deseja incluir em suas astrofotografias, nem sempre estará visível. Por isso há um período mais ou menos determinado, para que você consiga extrair todas as potencialidades deste tipo de imagem.

A depender da data, o núcleo da Via Láctea, que também chamamos de centro galáctico (pode ir se familiarizando com estes termos, pois usaremos com frequência), só estará no céu durante o dia. Ou seja, a claridade do sol não nos deixará ver as estrelas.

Como a Via Láctea é uma galáxia espiral que se apresenta visualmente para nós como um enorme cinturão de estrelas (dizem que centenas de bilhões delas!), ela possui uma órbita que podemos entender e acompanhar através de aplicativos para celular, por exemplo. Mais adiante detalho sobre planejar com um aplicativo. J

De forma mais prática e bem resumida, entre os meses de março e outubro nós podemos ver a olho nu o centro da Via Láctea, especialmente em noites sem lua e longe das grandes cidades.

Acontece que em março, o centro galáctico se elevará no céu apenas de madrugada e com isso, além de mais cansativo, são menos horas de fotografia possibilitada. Ao passar das semanas e meses, a via láctea vai aparecendo mais cedo, onde começa a subir no sudeste e vai caminhando para a direita no céu, passando pelo sul até começar a descer no sudoeste, realizando seu movimento em espiral. O vídeo abaixo permite uma compreensão melhor desta explicação.

Perceba o núcleo da Via Láctea surgindo e caminhando para a direita enquanto ganha altitude.

Mais para o fim da temporada (outubro e novembro por exemplo), o que ocorre é o contrário: o centro da Via Láctea terá se erguido no céu ainda durante o dia e apenas conseguiremos fotografá-lo já perto de seu poente, logo no começo da noite propriamente dita.  

De acordo com a latitude onde você se localiza, isto irá variar um pouco, mas de modo geral, nos meses de junho e julho, por exemplo, é possível fotografar em todo o Brasil o centro da via láctea desde o cair da noite até pouco antes do amanhecer. Digamos que este seria o pico da temporada.

2 – Diferença entre os hemisférios Norte e Sul na visualização da Via Láctea

Nós, que vivemos no hemisfério Sul, possuímos uma boa vantagem com relação ao Norte, quando o assunto é astrofotografia da Via Láctea. Como dito acima, os meses de pico são os de inverno para nós, o que significa noites mais longas. Com isso, teremos mais horas por noite onde a Via Láctea fica visível.  Como no hemisfério norte será verão, e com isso, noites mais curtas, a janela para fotografia pode cair drasticamente, especialmente em latitudes mais próximas do polo Norte. Se você quiser saber mais sobre o comportamento da luz natural ao decorrer do ano e das regiões no planeta, leia este POST onde tratamos em detalhes este assunto!  

3 – Interferência da Lua

Como a maioria aqui já deve saber, astrofotografia combina com Lua Nova. Ou seja, quanto menor a lua, melhor. A Lua Crescente ou Cheia irá atenuar muito a visualização das estrelas, por isso buscamos noites sem luar. Ou pelo menos, horários onde a lua ainda não terá nascido. O intervalo de uns 5 dias antes e depois da Lua Nova é uma ótima janela temporal para nossas programações de saídas em busca destas imagens.

4 – Poluição Luminosa

Outro fator de suma importância em nosso planejamento é a procura de locais com baixa poluição luminosa. O ideal é buscar locais afastados de luzes, especialmente grandes e médias metrópoles. Lugares como unidades de conservação, serras e regiões desabitadas são o ideal.

A escolha ideal das locações fará a diferença entre uma incrível sessão de fotos e um fiasco.

Neste caso, a poluição luminosa atrapalhou um pouco, gerando estas luzes avermelhadas próximas do horizonte. Porém, a bela locação compensou, de certo modo, este problema.

5 – Para onde apontar a câmera?

Conforme dito no início deste artigo, podemos começar a olhar o céu em direção ao ponto cardeal Sul. A Via Láctea se desloca de Sudeste a Sudoeste e seu núcleo coincide com a constelação de Sagitário. O mais fácil e eficiente, sem dúvida alguma, é utilizar um aplicativo de celular. Há vários que fazem bem este serviço. Eu utilizo o PhotoPills, acredito que seja o melhor e sua utilização não complicada, ao menos as funcionalidades mais básicas.  Entre outras diversas possibilidades, o app irá lhe mostrar os horários de início e fim de observação do centro galáctico, fase lunar, melhores épocas, altura e forma da Via Láctea no céu, dentro de uma janela de tempo onde você vai alterando o relógio e o app vai atualizando as informações. Até mesmo uma visualização em forma de realidade aumentada é disponível, o que facilita e muito quando se já está em campo.  

Abaixo, algumas capturas de tela do app Photopills.

6 – A Escolha das locações

Por fim, você precisa agora pensar onde fotografar. Já sabemos que é necessário fugir da poluição luminosa, mas isso não garantirá, por si só, belas e impactantes fotos do céu noturno.

O ambiente irá influenciar na sua composição fotográfica, que é a parte fundamental, porém frequentemente é deixado de lado. A grande dica é buscar por um primeiro plano interessante, que possa prender a atenção de quem observa suas fotos. Um céu estrelado com a Via Láctea em evidência, aliado a uma forte composição, com certeza arrancará suspiros de seus seguidores quando você postar a foto em sua rede social favorita!

Elementos como árvores isoladas, rochas, reflexos em lagos, silhuetas de montanhas, faróis de praia, casas em ruínas, arcos e pontes naturais etc. são bons exemplos para um primeiro plano.

Além disso, visite sempre que possível, o local na luz do dia. Marque locações, fotografe-as, use os app’s na função de realidade aumentada para prever a posição e direção da via láctea em cada horário da noite.

Estas são as principais informações que você precisa se atentar para um correto planejamento de astrofotografia. Espero que este artigo ajude suas próximas caçadas de Via Láctea! E lembre-se, estamos nos aproximando do auge da temporada, então, fique atento às próximas Luas Novas !

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