26 de julho de 2020
Em nosso primeiro tutorial, vimos que pensar abstrato é uma das ferramentas de ouro para o domínio da Composição Fotográfica, e que nem sempre as regras são o caminho ideal para alcançar a força imagética da sua foto. Se ainda não conferiu a primeira parte dessa série, indico que volte ao Tutorial Completo de Composição Fotográfica – Parte 1.
Agora se você já conferiu a primeira parte da série, vamos ao próximo assunto do Tutorial Completo de Composição Fotográfica: Fatores que Afetam a Composição Fotográfica. Continue a leitura e descubra!
São diversos estes fatores que irão determinar o resultado final de sua composição, como por exemplo:
Por causa da distorção de perspectiva, lentes grande angulares e teleobjetivas se comportam de modos singulares, diferentes da forma com que o olho humano naturalmente vê as cenas. As grande angulares estendem a perspectiva, onde objetos próximos se parecem maiores do que realmente são e os distantes se parecem menos agrupados, além de muito menores do que enxergamos a olho nu. Já lentes teleobjetivas tem a tendência de achatar a perspectiva, num resultado em que os objetos não parecem ficar menores com a distância e parecem estar empilhados uns sobre os outros.
Especialmente para retratos, onde utiliza-se com frequência uma baixa profundidade de campo, a distância até o ponto de foco diz muito sobre a intensidade do desfoque que sua objetiva produzirá. Uma mesma distância focal, com os mesmos parâmetros de exposição, criam profundidades de campo bem distintas de acordo com a distância de foco. Quanto mais próximo for o plano focal, mais acentuado será o desfoque.
Além disso, na fotografia de pessoas, acredito que a proximidade física normalmente se traduz em uma foto com mais identidade, que passa mais sentimento. Meus retratos quase sempre são de 35 ou 50mm, pois me aproximo bastante e estabeleço um contato direto com o fotografado. Sabe aquela famosa frase do grande mestre Robert Capa? “Se suas fotos não estão boas o suficiente, é porque você não está perto o suficiente” . É por ai…
Acima, duas imagens fotografadas com a mesma configuração: 50mm, f/1.4 – Ambas possuem fundo desfocado, mas a segunda imagem tem uma intensidade muito maior, pois o clique foi realizado dois passos mais à frente que o primeiro.
Em relação ao que você fotografa. Especialmente em lentes grande angulares, estes fatores poderão influenciar e muito nas distorções da imagem. Já experimentou fotografar uma igreja relativamente de perto, desde o plano da rua? Viu como as paredes laterais se transformam e retas convergentes, afunilando-se em direção ao céu?
Em relação ao que você fotografa. Isto também determinará perspectivas, distorções e ângulos.
Esta dupla tem profundo impacto sobre o que você fotografa, e estes fatores mudam, conforme a luz se altera. No caso de paisagens, fotografar na luz ideal para cada assunto é tema da maior importância. Veja o post clicando AQUI, onde falo exclusivamente sobre Luz e Sombra.
Em fotografia de paisagens, geralmente o que se deseja é uma grande profundidade de campo, garantido ótima nitidez e resolução em todas as partes da imagem, mas a utilização de áreas de desfoque pode enfatizar elementos, separando o principal do secundário na sua imagem e deixando com um ar mais artístico, especialmente quando usado em retratos, fotojornalismo e vida selvagem.
Outra coisa extremamente importante é sentir inicialmente o lugar. Caminhe para um lado e outro até mesmo antes de retirar a mochila, montar tripé e toda a tralha. Inspecione bem o local, procurando pelos tais “elementos abstratos” mencionados no post anterior, procure ângulos inusitados, estude como melhorar os alinhamentos entre os objetos, tente sair do “lugar comum”. Pergunte-se coisas como: “E como seria a vista do alto daquele morro? Ou daquela rocha? Ou de dentro daquele cânion?” Esta curiosidade é vital. Isto porque composições não caem do céu. E dificilmente você terá encontrado o melhor ângulo e local para aquela fotografia logo de cara.
Parece bem óbvio isto, mas a cena que eu definitivamente mais vejo por todo lado é justamente o contrário. As pessoas não mais querem olhar. Simplesmente apontam suas câmeras ao esmo e apertam botões. O mestre Henri Cartier Bresson, brilhantemente fala sobre isto, neste vídeo. Recomendadíssimo.
Aproveitando para pegar o gancho deste tema, há um assunto que eu gostaria de já ter comentado desde o princípio. Quando eu digo que você precisa sentir o lugar, não se trata de uma necessidade apenas fotográfica. Se você fotografa natureza, provavelmente é porque isto te atrai, te identifica, ajuda a lhe traduzir como pessoa, muito antes de fotógrafo (a). Entrar em direta e harmônica conexão com o ambiente natural é a primeira necessidade, o motivo pelo qual você está aqui, lendo este artigo, estudando fotografia. Fotografia é apenas uma forma que usamos para nos relacionarmos com a natureza. Digo que para mim é um pretexto a mais para embarcar em sucessivas viagens, expedições e explorações ao mundo natural. Uma prática de higiene mental, exercício de paciência, serenidade, amor. Compreensão calma e silenciosa da vida.
Resumindo, um fotógrafo de paisagens precisa, acima de tudo, amar a natureza, amar o que faz. Somando-se a isso muita dedicação, uma dose de talento e alguma sorte, não há como dar errado.
Gostou desse conteúdo? Então não deixe de colocar em prática e continue acompanhando os próximos episódios do Tutorial Completo de Composição Fotográfica! Até mais.