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Os 7 Pecados Capitais na Fotografia de Paisagens

07 de fevereiro de 2020

fotografia de paisagens

O BOOM DA FOTOGRAFIA DE PAISAGENS

Nos últimos anos, o número de pessoas interessadas em Fotografia de Paisagens ou de viagens, vem aumentando exponencialmente. Nunca foi tão fácil ter uma câmera, além de que elas têm se tornado cada vez mais compactas. Hoje em dia, alguns modelos de celulares são capazes de produzir belas imagens, que juntamente a um coerente trabalho de edição, podem compor feeds muito interessantes em redes sociais, como o Instagram, que tem incentivado muitas pessoas a criarem perfis de viagens, compartilhando suas experiências e olhares com o resto do mundo.

Além disso, viajar também é um verbo que definitivamente entrou no vocabulário de milhões de brasileiros.

Com isto, o mercado de fotografia, a meu ver, nunca esteve tão efervescente e dinâmico. Novos fotógrafos nascem a cada segundo e estamos vivendo um momento de revolução nesta arte, cada vez mais democrática e difundida.

Mas, se por um lado está mais fácil obter equipamento de qualidade e sair por aí fotografando mundo afora, por outro, há uma demanda imensa por conteúdo de qualidade e compartilhamento de experiência, pois a fotografia de paisagens é uma área complexa e exige várias habilidades, além de uma longa curva de aprendizado.

Pensando nisto, resolvi escrever um post onde o objetivo é ajudar tanto iniciantes quanto fotógrafos de paisagens com experiência nesta profissão ou simplesmente, hobby. Segue abaixo uma síntese do que aprendi e tenho visto nestes pouco mais de 12 anos de carreira. O resultado é uma lista com os 7 erros mais comuns na fotografia de paisagens e viagens.

1) – Ansiedade

Este talvez seja o erro campeão, mesmo para os não iniciantes. Vou dar um exemplo clássico. Você chega naquela locação pretendida. A paisagem é muito bonita, a trilha lhe conduziu até aquele mirante famoso. A ansiedade é grande. Você para, deixa a mochila no chão e saca seu equipamento. Afoito, porque a luz está linda, você monta tripé, escolhe objetiva, filtros, configura tudo e começa a fotografar, clicando com dedos nervosos. Você talvez até busque uma cena a poucos metros de distância. Mas não realizou uma inspeção completa e, principalmente, prévia no local.

Não saiu, antes mesmo de por as mãos na câmera, à busca de ângulos interessantes e menos óbvios, não subiu naquela pedra mais alta para saber se lá de cima pode sair uma boa fotografia, não cruzou o rio, não avaliou com calma a luz a partir de cada lugar e por aí vai. Nas expedições fotográficas que lidero isto é muito notório. Às vezes faço até o exercício de deixar as pessoas começarem a fotografar a paisagem, sem passar nenhuma instrução. Daí a alguns minutos, chamo todos junto a mim e começamos a conversar sobre este assunto. Alguns ficam empacados todo o tempo no exato lugar onde deixaram a mochila. Às vezes até percebem que aquele primeiro local não era muito interessante, mas talvez já tenham perdido um precioso tempo.

Então, segue o conselho. Controlar a ansiedade é vital. Busque uma conexão com o ambiente antes de começar a fotografar. Afinal, você está na natureza e nunca se esqueça que é ela a razão de você ser um fotógrafo de paisagens. Sintonizar-se irá propiciar a harmonia necessária para literalmente você poder focar sua criatividade e energia na busca de belos registros.

Fica a dica: #serenidade 

2) –  Falta de planejamento.

Quem nunca chegou a uma locação e se frustrou com a luz, porque era a hora errada para estar ali, atire a primeira pedra. Eu sei e vocês todos sabem que na fotografia de paisagens, luz é tudo. Nosso flash quase sempre é o sol. Nossos difusores e rebatedores muitas vezes são as nuvens e por aí vai.

Então, caro fotógrafo de paisagens, não há para onde se esconder. A natureza é a chefe, sempre. E ela não negocia, em termos de horários. Não iremos aqui entrar em detalhes sobre o tema, mas fotografar na luz exata é crucial. Aliás, no artigo Fotografia Além da Golden Hour, eu detalho várias situações sobre os temas luz e épocas para se fotografar paisagens. Na maioria das vezes, isto quer dizer na famosa hora mágica, ou golden hour, como queiram. Diversos outros fatores entram em jogo, como época do ano, fase da lua, tábua de marés e eventos meteorológicos, por exemplo. O que devemos então fazer?

Planejar previamente, de casa. E às vezes, quando possível, indo e voltando aos locais fotografados. Hoje em dia, a tecnologia ajuda e muito. Pesquisando na internet ou em apps específicos, é fácil levantar informações de sol, lua, mapas com imagens de satélites, previsão do tempo e mais uma infinidade de dados que podem lhe ajudar a executar aquela foto que você tinha em mente. Meus prediletos são o Photopills e TPE. Claro que o fator sorte é muito bem-vindo, mas pode ter certeza que a grande maioria daquelas imagens fantásticas dos fotógrafos de paisagens profissionais foram planejadas. Nem que seja pela “simples” obediência do básico: a hora da melhor luz.

#planeje!

3) – Exagero no tratamento.

Este é um tema bem complexo e polêmico. Cada fotógrafo de paisagens tem a liberdade de interpretar sua arte da maneira como lhe convém. Uns tratam mais, outros menos. Alguns usam HDR ou técnicas similares, outros fotografam em várias condições de luz, depois misturam tudo num liquidificador chamado Photoshop para gerar o resultado final. Aí, há aqueles que irão dizer: genial! Outros dirão: Frankstein.

Nem vou entrar neste mérito. Cada um na sua linha. Mas uma coisa é indiscutível. Quando você abusa no tratamento porque não era a luz certa, ou porque houve falha técnica ou artística na concepção da imagem, aí é um problema. Camuflar sua fotografia no tratamento pode ser o pior equívoco que um fotógrafo, de qualquer área, pode cometer.

#menosémais

4) – Não dominar seu próprio equipamento.

Você não precisa devorar o manual inteiro de sua câmera. Nem se bitolar em ter a mais avançada câmera do mercado ou os melhores acessórios. Mas saber usar bem os recursos que você dispõe é muito importante. Cuidado para não cair na tentação de sair comprando tudo e se esquecer de aprender a usar. Isto parece óbvio, mas é super comum ver as pessoas se perdendo nos menus de suas câmeras. Me lembro de uma pessoa, que certa vez me enviou uma mensagem dizendo assim: -Tom, comprei, finalmente, uma full frame e um set de lentes profissionais. Foi uma grande frustração, pois em algumas semanas caí na real e passei a admirar mais ainda seu trabalho, pois descobri que o equipamento por si só, infelizmente não faz mágica.

Pois é, diferente do que dizem os incontáveis anúncios e cursos sensacionalistas de fotografia, não existe fórmula mágica ou segredos. Nenhuma solução simples irá, como dizem, “revelar os segredos” da fotografia de paisagens.

#estude (e fuja dos oportunistas)

5) – Desistir antes da hora/falta de paciência.

Outro erro clássico. Acho que aqui se mostra muito claramente quem tem e quem não tem perfil para fotografia de paisagens e natureza. Sabe aquele dia feio, que parece que não vai propiciar boas fotos? Ou aquela manhã gelada e de muito vento? Dá mesmo vontade de voltar e desistir, eu sei. Mas eu já perdi a conta das boas imagens que fiz porque resolvi esperar mais. Assim como já me arrependi de ter abandonado um objetivo por desacreditar que algo pudesse mudar. Mas a natureza é muitas vezes imprevisível. E pode nos brindar com gratas surpresas, nem que seja por um lapso de tempo, suficiente para fazer tudo valer a pena. Como imortalizou o mestre Bresson, é o “Momento Decisivo”.

#perseverança

6) – Preguiça.

Taí uma coisa que me dá muita preguiça. Gente que insiste em negligenciar coisas básicas do dia a dia de qualquer fotógrafo outdoor. Acordar cedo, enfrentar frio, calor, vento, caminhadas e outras situações adversas. Porém, eu entendo perfeitamente que cada um tem seus objetivos. Há os que fotografam por diversão, sem tantas ambições. Há pessoas que não possuem preparo físico apropriado para determinadas situações. Aí realmente não faz muito sentido se sacrificar, pois um hobby, antes de tudo, deve gerar prazer. Mas para aqueles que possuem aspirações mais   definidas e profissionais, não tem conversa. Ou é ou não é fotógrafo de natureza. Simples assim.

#comprometimento

7) – Cair na tentação de copiar imagens e não buscar novos olhares.

Ei, não vamos confundir copiar com buscar inspiração. E nem sejamos radicais, rejeitando qualquer foto que seja de certa forma, batida. Muitas vezes, por diversos motivos, a gente precisa ou vai repetir uma cena já fotografada. Até porque é humanamente impossível sempre fazer algo inédito, especialmente naqueles destinos mais fotografados. Mas a chave é usar sua criatividade para recriar a partir de uma referência, imprimindo seu próprio olhar.

Com muita frequência, quase sempre fora do Brasil, vejo pela internet lugares onde fotógrafos praticamente se estapeiam, disputando a cada centímetro um ponto para fotografar. Nada contra, é natural querermos ter nossa própria foto dali. Mas quando um fotógrafo de paisagens deixa que as imagens que ele viu no Instagram, no concurso da NatGeo ou numa exposição de algum renomado sejam mais importantes que SUAS próprias fotos, aí algo vai bem mal. Porque neste momento, tudo o que importa para esta pessoa é repetir, numa caçada insana por likes e popularidade. E a criatividade foi completamente perdida em algum momento deste processo, pois o foco era reproduzir algo já pré-concebido.

Deixei este assunto para o final, pois creio que seja o mais grave e polêmico. Diariamente, navegando pelo Instagram, vejo exemplos do que citei acima. Liderando expedições, também percebo isto.

Como solução, proponho a busca pela imagem autêntica, imortalizada. Esta é, seguramente, a tarefa mais difícil e uma das mais importantes na fotografia de paisagens. Criar imagens referência, justamente para que, futuramente, pessoas tentem repeti-la, como que por ironia do destino.

#+criatividade

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